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domingo, 19 de dezembro de 2010
Conversas com Kafka
Janouch apresenta um memorial emaranhado da sua convivência, sem indicação precisa de datas, e nem sabemos qual o princípio ordenador ou fundamentador de uma possível autenticidade.
E talvez tenha sido o melhor caminho, ditado decerto pela urgência de anotar o que lhe pareceu importante, incisivo, iluminador. E que para mim, em meados dos anos 80, foi importante, incisivo, iluminador. E provavelmente o será para um jovem de 17 anos por aí, descobrindo a paixão pela literatura, supondo-se que ainda os haja.
De vez em quando, Janouch pondera sobre a experiência de conhecer Kafka: Aprendi a ver melhor e a ouvir melhor. Meu universo aprofundou-se e complicou-se, sem ficar mais frio ou longínquo por isso… Não era mais um insignificante filho de funcionário, mas um ser humano lutando para conquistar sua personalidade e a medida do mundo, e medindo com os homens e com Deus. Isso eu o devia ao dr. Kafka. Isso soa um pouco como Watson falando de Sherlock Holmes. E hoje que eu tenho um conhecimento muito maior tanto da obra kafkiana quanto da sua vida e das análises e interpretações que escreveram sobre ambas (Elias Canetti, Hanns Zischler, Günther Anders, Marthe Robert, Maurice Blanchot, Erich Heller, Danillo Nunes, Ernst Pawell, entre tantos outros), é um pouco difícil me entusiasmar com esse Kafka “como fazer amigos e influenciar pessoas”. Mas há um toque comovente e inegavelmente espontâneo, que se não torna Conversas com Kafka um I-Ching para literatos afoitos pelo menos permite descobrir (ainda que circunspectamente) esse lado tão mais simpático: Minha embriaguez é oferecer. É a embriaguez mais refinada que existe.
Autor : Gustav Janouch
Editora: Novo Século
Em Bom Estado
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